“A economia energética é o recurso do futuro”, diz Amory Lovins

Data: 07/12/2009

“A economia energética é o recurso do futuro”, diz Amory Lovins


É melhor do que o Prozac e não tem efeitos colaterais. Falar com Amory Lovins pode levantar os ânimos até do mais deprimido dos ambientalistas. O fundador do Rocky Mountain Institute (RMI), a mais notável ONG norte-americana comprometida com a sustentabilidade, distila otimismo até nestes dias difíceis que precedem Copenhague.Multipremiado, inserido pela enésima vez pela Time entre as personalidades mais influentes do mundo, Lovins é estimado universalmente e tem o mérito de ter entendido antes que outros a inevitabilidade de um “green new deal”. Basta retomar o seu livro “Capitalismo Natural: Criando a próxima Revolução Industrial” (Ed. Cultrix, 2000) para entender quantas transformações previstas há quase dez anos estão se realizando agora.

A reportagem é de Valerio Gualerzi, publicada no jornal La Repubblica, 03-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

O senhor é um dos poucos a não parecer muito perturbado com um fracasso em Copenhague.

As escolhas políticas contam, e seria melhor se tivéssemos políticas inteligentes em vez de estúpidas. Mas, principalmente nos EUA, os negócios associados a uma sociedade civil consciente representam uma força mais dinâmica do que a política. Os governos, e ainda mais os esforços internacionais complicados como o processo de Copenhague, são muito lentos e têm dificuldades para estar no mesmo ritmo da criatividade do setor privado e da sociedade civil.

E qual é esse ritmo?

O consumo de petróleo nos países industrializados está caindo desde o início de 2005 e continuará assim. A China prevê a eletrificação de 80% dos seus novos carros até 2020. Enquanto isso, muitos fabricantes estão finalmente começando a adotar técnicas de eficiência energética até mais simples e eficazes do que o motor elétrico, intervindo no peso e na carroceria. A outra revolução está acontecendo na produção elétrica a uma grande velocidade. Os EUA, por exemplo, instalaram mais parques eólicos em 2007 do que eletricidade de carbono nos cinco anos anteriores.

Não acredita que Obama é muito tímido com relação ao clima?

O presidente nomeou a equipe mais brilhante que o Departamento para a Energia jamais teve. Lidando com duas guerras, um sistema de saúde em colapso e uma grave recessão, ele está fazendo o que pode, ou seja, muito.

A outra indiciada é a China, um país que o senhor conhece bem.

A China, como os EUA, é uma parte importante tanto do problema como da solução, mas com relação a outra nações ocidentais está se movendo velozmente para ser a solução.

A Itália se volta para a energia nuclear: escolha certa?

Entre 2005 e 2008, os EUA tiveram a mais robusta política nuclear e a mais ampla disponibilidade de capitais de todos os tempos, mas tiveram que oferecer novos subsídios. Porém, nenhum dos 33 projetos propostos foi capaz de atrair um único centavo de “equity capitals”, porque construir centrais nucleares não é simples. Em 2008, em nível mundial, apenas as energias renováveis “distribuídas” obtiveram 100 bilhões de novos investimentos privados, atingindo uma capacidade de 40 bilhões de watts. A energia nuclear, zero.

O outro assunto sobre o qual o senhor insiste é a eficiência energética.

É o maior recurso, mais econômico e mais veloz a ser posto em prática, mas ao mesmo tempo é a menos entendida, a menos visível e a menos explorada. Nos EUA, poderemos economizar metade do gás e do petróleo a um quinto do preço.

Para promover a eficiência, o senhor cultiva bananas na sede do RMI, uma construção sem aquecimento a 2.200 metros de altura. Como foi a colheita?

Boa. Realizar esse edifício em 1983 nos fez economizar cerca de 1.100 dólares no custo de construção, porque os materiais isolantes e os outros equipamentos custaram menos do que um sistema de aquecimento para um edifício isolado.

(IHU-On line)



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